Cobriu de brumas o espaço uma névoa, fumaça que torna amena a paisagem, deitando-se sobre a luz dos postes que se tornam veladas, embaçando as ruas ainda molhadas, seus reflexos tétricos e solitários. Abraça, com invisíveis braços, as inúmeras casas que bebem a véspera por goles de vigília. Silêncio onde repousa a antena indiferente ao nascimento de algo longínquo, tudo se molda nos pratos que logo mais sairão de seus lugares de reserva e espera. A casa úmida de mesas e cadeiras, se despe de tintas que se soltam como fina película sobre as cabeças dos convidados, transformando corredores em corredores, salas em salas, portas em frestas por onde se olha e vê anunciado um lugar que permanece imutável, distante, também sob o domínio desta massa lenta e sem ruídos da névoa. Tudo, ou quase tudo, interrompido pelo odor de algo que concretizará junto ao dia de amanhã uma paisagem distante na escura e brumosa rotina.
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