Ontem, pela manhã, o
arbusto de folhas roxas
havia sido em parte
destroçado
Por um animal grande que
ronda abaixo das estrelas
com sua pata sobre a terra
pisoteada
pelo sol.
Hoje, pela manhã, o
compadre soube da poda
Do que se estragou do arbusto
de folhas roxas.
Veio pedir os galhos
destroçados para deles fazer mudas.
Estavam sobre as folhas das
piteiras que apodrecem
Sobre a terra de mandiocas.
Com tesoura, calmamente,
separou pequenos talos
Mãos que conhecem a geografia de uma enxada
Mãos que conhecem a geografia de uma enxada
Enquanto no fogo a água
acusava pequenas bolhas
Tímidas, aquecidas pelo
desejo do café amargo.
Sentamos os dois, trocamos
no hálito o hábito da prosa
E do café pela manhã, as
demandas dos próximos dias
Quando preparamos a
surpresa sabida para surpreender-nos
Durante o tempo em que novas
velhas bolhas anunciam
Outras cadeiras puxadas, próximas
à mesa, acompanhadas
Por pares de pernas
cruzadas com café.
Logo mais, a comadre veio
depois que acabou a missa
- Afinal, é domingo de
manhã –
Trazer a lona pesada para
proteger o tear.
Disse ter pressa, infinitos braços, pois
Chico tem as pernas doentes
E precisa chegar para
sentar ao sofá e respirar.
Respirar o dia arrastando passado.
Outra comadre, mais tarde,
veio com sua companheira
Abraços e sorrisos, entraram, ergueram uma casa,
queijo e goiabada, o café de mais cedo
queijo e goiabada, o café de mais cedo
Ovos sobre a mesa, levaram
cinco deles.
O vento, visita constante,
leva-nos aos outros
para dentro das casas sem
ter os pés limpos no tapete da entrada.
Outro compadre, ladrou o
cão, apoiou-se na porteira.
Aceno, que entre com seu baú.
Mãos sujas do barulho que mais cedo
Mãos sujas do barulho que mais cedo
Soava de sua casa, sinfonia
do domingo de quem não para.
Mãos apertadas, entramos os
dois.
Café de mais cedo e um
pedido:
Broca que fura alumínio.
Broca universal, disse-me
um vendedor.
Tanto é a palavra universal,
o compadre olhou impondo
Dúvida.
O dia ilumina intenso o
socado chão,
O ninho do guacho respeita
as vontades do vento
E logo sua silhueta apenas
no findar rubro duro
Que se encerra detrás e
diante de nós.
Amanhã, serei eu a
visita-los.
Desde suas presenças,
respeitamos
As vontades dos ventos e
trocamos
Pequenas coisas que não se
vê
E que irão dormir em nossas
camas
E que irão acordar no que
se encerra.
No horizonte, o desejo desperta
Da esperança, a felicidade.
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