Com as mãos nos olhos, agarrou as pedras
Duas pedras frias ausentes que se destinam
A serem miradas na paisagem.
Roubá-las, as duas, para que se despenquem
Do rosto, abrindo caminhos por um corpo montanha,
Caindo decisivas às margens de um rio.
Desde ali, uma lua meia lua as mira
Percorrendo o leito das águas azuladas entre pequenos
seixos.
Tantos olhos compridos como serpentes vão
Até o improvável, um largo que se acosta nas margens do
infinito.
Tantos olhos duros que tem as cinzas do que é tempo, o
escavado.
Sobre a sede de uma rês, fendas abertas caminham.
Duas pedras negras soltas no corpo montanha
Preenchem a vaga de uma muralha remota
Suspensa e fluida erguida por ninguém.
Este é seu povo, seu quintal, sua casa, sua cama barco e
vela
E a curva que se apresenta contém nas extremidades duas
mãos.
Seus olhos arrebatados abrem trincas sobre as pedras
Por onde sinaliza o véu branco infindável do leite
destinado
a saciar a fome do mundo e a tecer seus restos nas bordas
do infinito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário