sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Um Não Lugar Qualquer

Aqui, talvez. Dizer "talvez" é quase ser dono do espaço. Muito ainda aqui. Quem dirá que o onde é aqui? Dizer "talvez" é colocar um chifre no lugar, esse de boi bravo que a gente olha por detrás da cerca. Porque o que está no lado de lá, o boi, é que determina o que está no lado de cá, quem observa. Dizer "talvez" também é quase dizer o contrário, é fazer voltar a visão para o lugar onde a luz não alcança, aquele ponto de sombra que expõe as margens de todo objeto. E o objeto é dúvida, seja onde ele estiver, aqui ou do lado de lá. Dizer do lado de lá é saber-se num dos lados, adiantar o lado, o lugar onde. Saber-se no espaço é a estação de espera. Uma mulher atravessa a rua, sobe a calçada, finca o corpo num lugar imaginário, próximo a uma árvore, onde espera o ônibus. Ela é quase o destino, desde que seja transportada até lá, desde que chega. Ela marca na espera o "talvez", é a estação.  E aqui? Uma esfera que não se pode ver. Suas marcas, seus relevos são claros e passou a ser. 

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