segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Imagem

A imagem é o que exatamente é. Não, a imagem não é. Ela é exatamente o que não é. Não é exata. Não é. Negar e ser, negar ser, sim, afirmar a negação de ser. A imagem é a negação. A imagem não nega o que ela quer que seja, não nega o que ela não é ou deixa de ser, não quer. A imagem está em nenhum tempo verbal. A imagem está onde está. Não está. Nunca esteve. Nunca estará. A imagem nunca se nega, nem se afirma. Nunca será nunca. Qualquer coisa que se afirme ou negue sobre a imagem é melhor que não se faça. É melhor que não haja o que é melhor, nenhuma tentativa de negar ou afirmar. Assim, não trazer pontos, escrever. O que há de absurdo nisso tudo, se há algum absurdo ou se isto é isso ou algo que possa ser tudo, é que o ponto sobre a imagem nos lança de tal modo a um abismo em que cada grão do que se vê é um outro abismo particular, talvez como uma espiral. A imagem não está, ela permanece neste estado de lacuna como uma matéria que nos escapa, suspensos, inertes, no abismo dela mesma. a imagem, o espaço, o tempo, o que passou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário