O que te falam os monstros
ou os lobos dos quais me diz?
Para aquieta-los em teus mistérios
Há que servir-se de penas
nesta noite fria que tal
vento te descobre as veias.
Há que todos os dias
encher a vasilha de úmidas pétalas
que saem do gozo de uma fricção ruidosa.
Há que mover com óleos a fissura
de tuas engrenagens, para que elas
não se tornem ásperas como cantam
certas aves.
Há que deixar palavras se soltarem
como os meninos em colado cerol
arrebenta o espaço que despenca
cromático sobre os fios.
Há que se perder na esquina
onde tua boca acende o poste.
E tais monstros, vampiros e lobos
são cascas ou caroços das frutas
roídas de tuas palavras.
Há poucas coisas mais belas
que o caroço.
Ele que não te serve,
descarta sobre a terra
num campo de inúmeras feras
que te vestem a alma da fome
que tuas palavras tem.
Quando se sabe que não há o que dizer
para aliviar o uivo daquilo que é
a perna manca de teus passos,
palavras de esperanças
são sintéticas.
O que se come é a carne
marcada de patas
de um quadrúpede que te
segue.
Como passear com cães
estupidamente educados.
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