Perdera as contas, próximo a nove ou doze vezes, que aquele cheiro perfumado (percebe-se o tom roxo com rastros esverdeados e azulados, como uma aurora, de onde vem, caso seja dum frasco ou duma flor) chegara até a barca. Mastros, velas, ondas, tábuas, toda uma escrita do espaço finca frouxa sem tinta um vão na garupa do tempo. Presa aos olhos, aquela barca, nessa hora perfumada, não existiria caso não fosse pelos cristais fugidios que acendem na água pequenos prismas como faíscas a confessar a luz de um astro. Tais pontos não poderiam ser capturados, eis a medida da loucura, se é ela o sem fim de um outro sem fim inteiriço e líquido que consome aos poucos a esperança de um lugar e resgata o corpo como âncora, aos sons ritmados de ondas como se fossem a voz de um grunhido vão, neste espaço da barca, fazendo-a existir e ser extensão das mãos agora se soltando frágeis ao sentido mais doce do olfato.
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