O Ontem
Na mesma sala, as mesmas sombras do ontem.
O comportar das almofadas, o pano meio solto no sofá.
O café frio dentro da garrafa do ontem e
Um pregador de roupas misturado a tudo
Por cima da mesa de quatro lugares aéreos.
Da janela, a tábua reta de uma paisagem sem gosto.
As mesmas plantas nos seus suspiros verdes,
De raízes acomodadas em vasos “utelares”.
Nesta tábua,
antenas e luzes do ontem,
O mesmo assovio,
Ladrões sustenidos no corpo da mesma
Sinfonia conversam.
A rama seca dentro da fechadura
Deixou em teus galhos
Ninhos de pássaros mudos.
A chave não toca.
O ranger da porta é vácuo de passos.
Chegou.
Pesa nos passos o modo que me deixa.
Joga na mesa a chave que me fecha.
Abre na geladeira o frio de uma falta.
Pede por um beijo um corpo que não sente.
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