As histórias do mundo poderiam ser escritas por crianças. Imagina a narrativa de uma história da bolha de sabão por uma criança! Uma epopeia onde o herói ou a heroína é uma bolha, bom, uma bolha não tem sexo, melhor assim. Várias bolhas! Umas pequenas outras maiores a debruçar sobre o vento. Nenhum dos heróis da história conseguiu debruçar sobre o vento com a destreza de uma bolha de sabão. O que é uma história de guerra perto do que fazem as crianças ao correr tentando alcançar as bolhas lançadas à imprecisa teia dos ventos? Nenhuma bomba se compara a uma bolha estourando, fragmentada ao toque ingênuo da brincadeira. Não se pode crucificar uma bolha, ela se esquiva tão sábia, tamanha a sua fragilidade. Na igreja, se trocassem os santos por bolhas de sabão, a fé seria essa película fina de quase nada, que se desloca ao acaso. Deus, uma transparência que reflete o mundo na sua delicadeza sem ser maciço e certo, sem ocultar nenhum plano, nenhuma visão e que, por um descuido, se desfaz por completo esse guarda nada dentro.
Se as crianças pudessem escrever as histórias do mundo, talvez seríamos assim leves, soltos ao acaso, transparentes numa brincadeira de vento, de brisa, de quase nada. O mundo seria visto no através, ele que é o que não pode as palavras.
http://www.youtube.com/watch?v=HW5zb2nLs8w
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